O Rito Bizantino - Pelo Arquimandrita Pedro Arbex

O Rito Bizantino tira o seu nome de Bizâncio, cidadezinha situada sobre o Bósforo, aos confins da Europa e da Ásia (na Antiga Ásia Menor, a atual Turquia). Constantino Magno transformou-a em cidade grande e lhe deu seu nome: Constantinopla, cidade de Constantino. Inaugurada em 330, passou a ser a Capital do Império Romano Oriental. Um de seus grandes e santos bispos foi São João Crisóstomo (398-404), morto no exílio em 407.

A Liturgia de Antioquia chegou até ela com as particularidades introduzidas por Cesaréia de Capadócia, sede episcopal de São Basílio Magno, (+379). Em razão da centralização civil e religiosa levada a efeito por Constantinopla, e das prerrogativas que lhe outorgavam os Concílios Ecumênicos de Constantinopla (381) e de Calcedônia (451, cânon 28) dando-lhe o nome de Nova Roma e o primeiro lugar após esta última, a cidade imperial tomou a preeminência no Oriente e as inovações, para serem legítimas, deviam ser aprovadas por ela; o Rito da capital difundiu-se rapidamente pelas províncias mais longínquas do Oriente Cristão, pela Europa e pela Ásia. No século XIII os patriarcados melquitas de Alexandria, de Jerusalém, de 

Antioquia, abandonaram seu antigo rito para adotar o de Bizâncio.

Em nossos dias seguem este rito mais de 200 milhões de fiéis entre católicos e ortodoxos, espalhados pelo mundo inteiro, até nas Américas. "Pode-se afirmar que, hoje, do ponto de vista da extensão geográfica e do número de fiéis, Rito Bizantino equivale a Rito Oriental, quase como Rito Romano a Rito Ocidental" (Salaville).

"Conhecer, venerar e conservar e fomentar o riquíssimo patrimônio litúrgico e espiritual dos orientais é de máxima importância para guardar fielmente a plenitude da tradição crista e realizar a reconciliação dos cristãos orientais e ocidentais (Decreto sobre Ecumenismo, 1_1)
"Longe de obstar a unidade da Igreja, certa diversidade de costumes e usos ... Antes aumenta-lhe o decoro e contribui não pouco para cumprir sua missão" (Decreto sobre Ecumenismo, 16).

Há no Rito Bizantino três liturgias:
1. A Liturgia dos Pré-santificados: é antes um ofício de Comunhão solene. É celebrada às 4as e 6as feiras da quaresma, nas Catedrais.
2. A Liturgia de São Basílio.
3. A Liturgia de São João Crisóstomo.
Esta última seria uma abreviação da de São Basílio. É ela que se celebra quase todos os dias e que vamos tentar explicar.

A Divina Liturgia de São João Crisóstomo


A Divina Liturgia de São João Crisóstomo divide-se em 3 partes:
A preparação das oferendas ou da matéria do sacrifício;
A Liturgia dos Catecúmenos ou Liturgia da Palavra;
A Liturgia dos Fiéis ou Liturgia Eucarística.

Simbolismo

As cerimônias da Divina Liturgia são cheias de simbolismo. E não é de estranhar, pois o próprio Cristo, como vimos, quis que a Eucaristia seja um memorial da sua paixão, morte e ressurreição. E a Igreja ordenou a Divina Liturgia de modo a nos lembrar a pessoa do Salvador e os mistérios da sua vida sobre a terra.
Quanto ao simbolismo, divide-se a Divina Liturgia em quatro partes:

A primeira vai da preparação até a procissão do Santo Evangelho, e simboliza a vida oculta de Cristo.

A segunda parte vai da procissão do Evangelho até a procissão do ofertório, e simboliza a vida pública de Cristo.

A terceira parte vai da procissão do Ofertório até depois da Comunhão, e simboliza a vida padecente de Cristo (Paixão e morte).

A quarta parte vai de depois da Comunhão até o fim, e simboliza a vida gloriosa de Cristo.
Celebração de frente para o povo.

Na Liturgia Romana renovada o Celebrante é considerado como o Presidente da Assembléia, o anfitrião dos comensais na mesa do Senhor. Por isso lhe é recomendado (não prescrito) celebrar de frente para o povo.

Na Liturgia Bizantina o Celebrante é considerado mais como o guia, o introdutor dos fiéis ao banquete eucarístico, e seu porta-voz na sua audiência com Deus; como o pastor que "caminha diante do rebanho" para conduzi-lo às fontes da graça e da salvação. Ele é Cristo caminhando adiante de seus discípulos, quando subia a Jerusalém ao encontro de sua paixão e morte (Mc 10,32) que vai renovar misticamente sobre o Altar. Por isso não se adotou o uso de celebrar de frente para o povo. A Liturgia não é unicamente Ceia, é também sacrifício.

Freqüentemente, porém, o celebrante volta-se para a Assembléia para transmitir-lhe os ensinamentos e os preceitos do Mestre e desejar-lhe a paz. Duas vezes anda no meio dela como fazia Cristo (procissão do Evangelho e procissão do Ofertório).

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