O Rito Bizantino - Parte III
Segunda Parte da Divina Liturgia
Liturgia dos Catacúmenos na Igreja Bizantina Ucraniana de S. Elias
Liturgia
dos Catecúmenos ou Liturgia da Palavra
Esta
parte compreende:
Uma
longa oração dialogada chamada Grande súplica (grande sinapti) ou irinica.
Cantos
de salmos, antífonas ou típica, com duas pequenas sinaptes.
A
pequena entrada ou procissão com o livro dos Santos Evangelhos.
Hinos
próprios do dia (tropário).
O
Hino do triságion: Santo Deus...
A
Epístola com seu prokímenon e Aleluia.
O
Evangelho.
O
ectení ou súplica insistente.
Oração
pelos catecúmenos (e despedida dos mesmos).
Até
a procissão com o Evangelho esta parte continua simbolizando a vida oculta de
Jesus. Da procissão do Santo Evangelho até a procissão do ofertório, recorda-se
a vida pública de Jesus até sua paixão.
O
Incenso
O
Sacerdote termina a preparação das oferendas e começa a Liturgia dos Catecúmenos,
incensando os dois altares, os ícones, a Igreja e os fiéis. Este é o primeiro
grande incensação. O incenso queimado pelo fogo transforma-se em fumaça que
sobe ao céu em forma de nuvens, enchendo o ambiente da fragrância de seu aroma.
Sua destruição pelo fogo faz dele um holocausto e seu aroma é o fruto desta destruição.
Assim os discípulos de Cristo devem oferecer-se em holocausto a Deus e irradiar
em volta o bom odor espiritual de sua vida cristã. A fumaça do incenso que se
eleva para o alto figura a oração pela qual a alma se eleva a Deus. Por isso
ouvimos o Salmista (140,2) clamar: "Que minha oração, Senhor, suba até vós
como o incenso" e vimos no livro do Apocalipse (5,8) as orações dos Santos
no céu representadas por taças de ouro cheias de perfumes que os 24 anciãos
revestidos de branco, oferecem ao Cordeiro de Deus que está de pé no meio do
trono, como se tivesse sido imolado. Assim, o incenso cria desde o início da
Divina Liturgia uma atmosfera celeste lembrando ao sacerdote e aos fiéis a necessidade de
se prepararem para o sacrifício, para serem, como diz o Apóstolo, "o bom
odor de Cristo", pelo qual difunde em toda a parte o perfume de sua
doutrina" (2Cor 2,14-15).
Depois
de cobrir as oferendas com os véus, o sacerdote inclina-se 3 vezes diante delas
e as incensa, em sinal de adoração para lembrar a adoração dos reis Magos ao
Menino Jesus e os presentes (ouro, incenso e mirra), que lhe ofereceram.
Dirigindo-se em seguida ao altar-mor, incensa-o nos quatro lados, rezando
secretamente: "ó Cristo, estáveis de corpo no sepulcro e com a alma nos
infernos, e, como Deus, no paraíso com o ladrão; e no trono com o Pai e o
Espírito Santo, ocupando todo lugar, vós o ilimitado".
Com
isto recorda:
O
lugar simbolizado pelo altar, isto é, o Gólgota e o sepulcro, onde o Filho de
Deus encarnado morreu para a redenção do gênero humano;
Os
infernos (ou Mansão dos mortos) (aqui no sentido de limbo), onde desceu depois
de morto, para salvar os justos que morreram, antes dele, e estavam à sua
espera. Por isso havia habitualmente túmulos debaixo dos altares:
O
Paraíso ou Céu, onde fez entrar o bom ladrão;
O
trono celeste, no qual sentou-se glorioso, à direita do Pai.
Prosseguindo,
incensa os ícones, a Igreja e os fiéis.
O
sacerdote incensa o altar porque é o trono de Deus; os ícones, porque o
representam e representam seus santos; os fiéis, porque são suas criaturas
feitas à sua imagem e semelhança; os objetos de culto porque consagrados a ele;
e a Igreja porque é sua casa. Incensando os fiéis no início da Liturgia, o
Sacerdote lembra um antigo costume na vida doméstica de todos os povos do Oriente,
que ofereciam ao hóspede, desde a sua entrada em casa, com que se lavar e se
perfumar (ver Lc 7,44-47). Assim o sacerdote, em sua qualidade de ministro de
Deus, incensa o rico e o pobre sem distinção, dando-lhes as boas-vindas a este
banquete espiritual, a esta ceia mística, como hóspedes e visitantes convidados
a serem comensais do Rei celeste.
É
bom também observar que, cada vez que Cristo vai aparecer (ou se manifestar)
durante o sacrifício, sua aparição é precedida pelo incensação: no começo da missa,
no evangelho e no ofertório. Nestes três momentos que lembram a aparição de
Cristo (no primeiro, como recém-nascido; no segundo, como pregando a Boa-Nova;
e, no terceiro, como sofrendo por nossa causa), a Igreja convida-nos a
recebê-lo com perfumes, e a encher nossos corações do aroma dos bons
sentimentos de caridade, fé, humildade e pureza.
"Bendito
seja o Reino do Pai... "
Após
ter beijado o Evangelho e o Altar, o sacerdote segura o livro dos Evangelhos
com as duas mãos, faz com ele uma cruz em cima do Antimênsion, e diz em voz
alta:
"Bendito
seja o reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo, agora..."
O
Evangelho é o Verbo, isto é, a Palavra de Deus e sua Boa-Nova. Nele os
Evangelistas nos transmitem as verdades da nossa fé reveladas pelo Verbo encarnado.
Por isso, liturgicamente, fica sempre colocado em lugar de honra, em cima do
Altar, como num trono. Só cede este lugar ao Verbo de Deus feito homem, quando
este, a partir do ofertório até após a comunhão, for ali levado para ser
imolado. A Igreja, templo e fiéis, é o reino de Deus, isto é, sua morada e seu
povo. Abençoando simbolicamente, em forma de cruz, o universo pelos quatro
pontos cardeais, o sacerdote pede que este reino de Deus, por meio de sua
palavra, seja bendito e propagado pelo mundo inteiro, para a glória da Trindade
Santa. A Assembléia, apoiando o pedido do sacerdote, clama: Amém, assim seja
(Amém, é palavra aramaica, que significa: assim seja).
"Irinica"
Em
seguida, o sacerdote convida os fiéis a repetir as invocações que a Igreja dirige
incansavelmente a Deus, desde os primeiros tempos da sua existência. Convida-os
inicialmente a rezar em paz: "Em paz oremos ao Senhor"; e a pedir a
paz, não qualquer paz, mas a paz que vem do alto, a paz com Deus, com o próximo
e com sua própria consciência, condição indispensável para que a oração seja
atendida. Por causa desta insistência "na paz", esta primeira oração
dialogada foi chamada irinica (do grego: irini = paz).
Os
cristãos devem pedir esta paz não só para si, mas também para o mundo inteiro.
Por paz não se entende somente a ordem, o sossego, a tranqüilidade e o
bem-estar temporais, mas sobretudo a felicidade sobrenatural proveniente da
estabilidade das Santas Igrejas de Deus e da união de todos na fé e na
caridade. A oração se faz especialmente pelos fiéis presentes no templo, que
nele se comportam com fé, devoção e temor (isto é, respeito) de Deus; pelo
pastor e pelo clero da diocese; pelos governantes e seus auxiliares; pelo
exército; por todos os povoados do país (grandes e pequenos, cidades e
aldeias), especialmente pela cidade onde se celebra o sacrifício; pela
salubridade do ar, pela abundância dos frutos da terra necessários à vida, e
por tempos pacíficos; pelos viajantes por mar, terra e ar; pelos que sofrem e
para que todos sejam livres de aflição, perigo e necessidade.
"Kyrie
eleison"
A
cada um destes pedidos, a Assembléia dos fiéis, dominada, dizem "As
Constituições Apostólicas" do século IV, pela voz das crianças, clama
Kyrie eleison, Senhor, tende piedade. Convém aqui ressaltar esta referência às
vozes infantis participando, pela fácil repetição, do Kyrie eleison, ao
conjunto da oração comum. Assim, desde o séc. IV manifesta-se a preocupação
pela participação ativa das crianças no Santo Sacrifício. O próprio São João
Crisóstomo insiste, em suas homilias, sobre esta intervenção das crianças
inocentes, colocadas à frente da assembléia (diz ele), na oração dialogada,
para solicitar a misericórdia de Deus por seu povo (d. Le rôle du diacre, p. 14
e 40). Em vez de ficar conversando ou brincando durante a Divina Liturgia, as crianças
devem, portanto, prestar atenção e responder, juntamente com os adultos, aos
pedidos feitos pelo sacerdote. Deus gosta de ouvir sua voz, mesmo desafinada, e
se interessa por elas. Não disse ele aos apóstolos: "Deixai vir a mim as
crianças?"
O
Kyrie eleison é a oração que mereceu elogio do próprio Cristo, na parábola do
Fariseu e do Publicano. Não devemos, pois, cansar-nos de repeti-Ia. É o grito
do homem humilde, pecador e necessitado que implora a misericórdia de seu
Senhor. E Deus, diz-nos o Salmista, "atende à oração dos humildes e não
despreza a sua prece" (101,18).
Comemorando...
Para
marcar a impotência de nossas orações, às quais faltam a pureza da consciência,
a reta intenção e o ardor da fé e da esperança, o sacerdote, dirigindo seus
olhares para a Mãe de Deus e os santos, convida os fiéis a comemorar, isto é, a
recorrer àqueles que sabiam rezar melhor do que nós e que, agora, rezam por nós
no céu; e a nos recomendar, nós mesmos, uns e outros e toda a nossa vida a
Cristo, nosso Deus. Ao ouvir aqui o nome de Maria, os fiéis costumam fazer uma
inclinação da cabeça em direção ao Ícone da Mãe de Deus, dirigindo-lhe uma das
saudações seguintes: "A Ela, a mais nobre das saudações" ou "Em
ti deposito toda a minha esperança", ou " Santíssima Mãe de Deus,
salva-nos!". Esta saudação não consta nas rubricas, nem está exigida pelo
sentido da oração, é antes uma jaculatória saindo espontaneamente do coração de
filhos profundamente devotos à sua mãe. Fazem também uma inclinação em direção
ao Ícone do Salvador, quando ouvem o nome de Cristo.
Atendendo
ao convite do sacerdote e, em união com ele, a assembléia clama: a Ti, Senhor,
isto é, Sim, nós nos recomendamos a Ti, Senhor.
O
sacerdote termina esta série de súplicas pela glorificação da Santíssima
Trindade, glorificação esta que, tal um fio de ouro ligando tudo, corre através
da Liturgia, começando e concluindo cada ato e cada oração. Nesta glorificação
o sacerdote exprime também os motivos que nos levam a ter confiança que nossos
pedidos serão atendidos por Deus: Ele é poderoso, glorioso, misericordioso e
amigo dos homens. A Assembléia em oração expressa sua adesão pelo
"Amém", "assim seja".
Antífonas,
Típica e Sinaptes
Entre
a grande súplica da paz (grande sinapti ou irinica) e as duas súplicas pequenas
(pequenas sinaptes) o coro ou o povo canta as Antífonas, as típicas e o
macarismi (Bem-aventuranças).
Sinapti: A palavra sinapti equivale ao termo latino
"collecta": nela o sacerdote recolhe, colige em uma fórmula comum as
intenções principais de cada um e de todos os membros da Assembléia.
Antigamente a grande sinapti ou irinica era repetida depois da 1 a e da 2a
Antífona (e entre as orações pelos fiéis); depois a Igreja contentou-se com o
primeiro e o último pedido, a comemoração da Mãe de Deus e dos Santos e a
glorificação da Santíssima Trindade, para evitar a repetição cansativa.
Antífonas: São aclamações ou jaculatórias, cantadas pelo
coro, em forma de estribilho e intercaladas entre os versículos de certos
salmos, escolhidos de acordo com a festa que se celebra, e lidos pelo leitor no
meio do coro. Aqui também antigamente lia-se o salmo inteiro; depois, para
abreviar, contentou-se com 3 ou 4 versículos; e, em nossos dias, geralmente
cantam-se somente as antífonas sem os versículos dos salmos.
Nos
dias comuns da semana as antífonas são as mesmas; para as festas do Senhor e da
Mãe de Deus, há antífonas e salmos próprios escolhidos de acordo com cada
festa. A aclamação, porém, da primeira antífona é invariável para os dias comuns
como para as festas: é um apelo à intercessão da Mãe de Deus: pela intercessão
da Mãe de Deus, ó Salvador, salvai-nos.
Típica: Aos domingos, em geral, as duas primeiras
antífonas são substituídas pelos salmos 102 e 145, respectivamente, chamados
"típica", isto é, marcados; e a 3a pelas "bem-aventuranças"
do Sermão da Montanha, conhecidas pela palavra grega que começa cada uma
"Macarismi" "Bem-aventurados". É pena que as típicas e
sobretudo os macarismi estejam sendo postos de lado: serviam tão bem para
lembrar o que alguém chamou de "Carta Magna do Cristianismo", e para
anunciar a aparição do Salvador como pregador da sua nova doutrina, a ser
simbolizada pela pequena entrada: Bem aventurados os pobres, os que choram, os
mansos, os misericordiosos, os puros, os pacíficos, os perseguidos...
O
Monogenis
(á Filho Unigênito). No fim da 2a Antífona ou do 2° Salmo das típicas, canta-se
o hino: "Ó Filho Unigênito" (em grego o Monogenis). Este hino,
composto provavelmente em Antioquia (pelo patriarca Sevério) e introduzido na
Liturgia pelo imperador lustiniano 11 em 535 é de grande teor teológico: em
poucas palavras, enuncia os mistérios fundamentais da nossa fé: a Santíssima
Trindade, a Encarnação do Filho de Deus, a Redenção do gênero humano pela morte
de Cristo na cruz; a maternidade divina de Maria e sua virgindade perpétua. Uns
liturgistas consideram-no como uma profissão de fé para os catecúmenos como o
Credo para os fiéis.
A
Pequena Entrada
Enquanto
o coro canta a 3ª Antífona ou as Bem-aventuranças, o sacerdote precedido pelo
diácono segurando o Evangelho, e pelos acólitos segurando a cruz, as tochas e o
turíbulo, desce do altar e sai, não pela porta Santa, mas pela porta lateral
norte, atravessa em procissão a Igreja, passando no meio do povo, e entra no santuário
pela porta Santa ou Real. Qual é o sentido desta procissão chamada a procissão
do Evangelho ou "pequena entrada" para distingui-la da entrada do
ofertório? "A entrada do Evangelho, diz São Germano, patriarca de
Constantinopla, simboliza a vinda do Filho de Deus e sua entrada no
mundo." O diácono, segurando o Evangelho, figura o Precursor que devia
mostrar o Filho de Deus ao mundo. "Eis o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo", disse João Batista ao ver Jesus aproximar-se dele. O
sacerdote representa Nosso Senhor Jesus Cristo vestindo a nossa natureza humana
e descendo do céu (o santuário) sobre a terra (a nave), no meio dos homens. Os
ceroferários precedem com tochas acesas, porque o Cristo é a luz do mundo
"Eu sou a luz do mundo", e São João Batista foi qualificado pelo
próprio Cristo como "lâmpada ardente e brilhante", da luz da qual os
judeus quiseram gozar apenas por pouco tempo (10 5,35). A cruz que segue lembra
o modo e o instrumento que Cristo escolheu para salvar os homens.
Os
fiéis, considerando o Evangelho, levado pelas mãos de humildes ministros da
Igreja, como o próprio Salvador aparecendo pela primeira vez em público para a
sua pregação divina, ficam de pé e inclinam-se diante dele, porque, como diz
São Paulo, "Quando Deus Pai introduz o seu Primogênito na terra diz: e
todos os Anjos de Deus o adorem" (Hb 1,6).
A
procissão pára no meio da Igreja, a uma pequena distância da porta Santa. O
Sacerdote, inclinando a cabeça, pede secretamente a Deus, que estabeleceu nos
céus, legiões e exércitos de anjos e arcanjos para o serviço da sua glória, que
faça com que esses mesmos exércitos, unidos aos fiéis na glorificação da sua
bondade, o acompanhem até o altar.
Antigamente,
nas cerimônias oficiais profanas, um arauto anunciava a chegada do Imperador,
clamando: "O Imperador!" para que todos os presentes se levantem e o
recebam com respeito. Assim também, o diácono (ou o sacerdote) anuncia a
presença do Verbo de Deus, sabedoria infinita e eterna, representado pelo
Evangelho, clamando: "A Sabedoria!", e convida os fiéis a ficarem de
pé por respeito.
A
entrada dos justos no céu foi obtida pela Santa Cruz: o sacerdote benze as
portas santas, em forma de cruz, e, elevando o Santo Evangelho, faz com ele no
ar uma grande Cruz e canta: "Vinde, adoremos e prostremo-nos ante o
Cristo!..." O povo repete a 2a parte do canto da entrada para manifestar
que está de acordo com tudo o que foi dito e feito: - "Salva-nos, ó Filho
de Deus..." Entrando no santuário pelas portas santas, o sacerdote recoloca
sobre o altar o evangelho, que é a palavra da verdade e da vida.
Nota: Na liturgia pontifical, celebrada pelo bispo
diocesano, o bispo se paramenta e permanece até a pequena entrada, sentado num
trono colocado no centro da Igreja no meio do povo, representando Cristo que,
pela encarnação, se fez homem e morreu no meio dos homens que vinha salvar,
ouvindo-os e ensinando-os. Com a procissão do Evangelho, sobe ao altar.
Tropário
Terminada
a procissão do Evangelho, sacerdote e diácono entram no santuário cantando o
isodicon (ou canto de entrada), que o coro repete. Em seguida, cantam-se os
tropários ou hinos do dia.
Os
tropários são hinos ou composições poéticas sobre a festa do Senhor, da Mãe de
Deus ou dos santos que a Igreja comemora naquele dia. Podem ser qualificados
como a "pregação pelo exemplo precedendo a pregação pela Palavra". No
domingo, dia do Senhor, comemora-se o ano todo a Ressurreição de Cristo.
Por
isso o primeiro hino a ser cantado é o "apolitikion da Ressurreição",
segundo um dos oito tons litúrgicos, e que recorda este grande acontecimento,
base e razão da nossa fé, visto que, como diz São Paulo aos Corintios: "Se
Cristo não ressuscitou, vã é a nossa pregação, e vã também a vossa fé"
(lCor 15,14).
Nas
festas do Senhor, da Mãe de Deus e dos Santos, os tropários enaltecem os
mistérios da vida de Jesus e de sua Mãe, e as virtudes e feitos dos cristãos
que seguiram os passos do Salvador renunciando a tudo neste mundo e
sacrificando-se por ele até a morte. E cantam-se logo depois da entrada do
Evangelho, justamente para nos apresentar o exemplo daqueles que puseram em
prática os ensinamentos contidos neste mesmo Evangelho e assim mereceram entrar
no reino dos céus, conforme disse Jesus a seus discípulos: "Ide por todo o
mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas. Aquele que crer e for batizado
será salvo. Aquele que não crer será condenado" (Mt 16,15-16).
Esses
hinos têm nomes diferentes de acordo com o lugar que ocupam e o assunto que
desenvolvem na composição poética, chamada "Cânon", da qual fazem
parte: Tropário, Apolitikion, kondakion, Hirmos...
As
grandes festas do ano são anunciadas, aos domingos, com várias semanas de
antecedência, pelo kondakion final; e seus tropários continuam a ser cantados
durante a oitava que segue a festa. O kondakion do Padroeiro da Igreja é sempre
o penúltimo.
Triságion
"Santo
Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tem piedade de nós."
Existe
uma lenda relativa à origem deste hino do triságion (três vezes santo) e a sua
introdução na liturgia. É a seguinte: No século V, no tempo do Patriarca São
Prodo, sucessor de São João Crisóstomo, a cidade de Constantinopla foi abalada
por terremotos durante quatro meses. Um dia, enquanto o povo, dominado pelo
medo, implorava fora das muralhas a misericórdia divina, gritando Kyrie eleison
(Senhor, tem piedade), um menino foi arrebatado aos céus e lá ouviu os anjos
cantarem o triságion, diante do trono de Deus, e uma voz ordenando ao bispo que
organizasse procissões nas quais se cantaria esse hino. Voltando à terra, o
menino contou o que viu e ouviu. O patriarca mandou fazer de acordo com a ordem
recebida, e o terremoto parou. Este hino se reza também no início e no fim de
todos os ofícios públicos.
A
Igreja bizantina sempre considerou este hino dirigido à Santíssima Trindade,
cada uma das partes referindo-se a uma das 3 pessoas divinas:
Santo
Deus, Pai eterno
Santo
Forte, seu Filho, que é sua força e seu verbo criador.
Santo
Imortal, seu Espírito Santo, isto é, o amor que não morre, e sua vontade sempre
viva e vivificante.
Para
comprovar esta atribuição temos o fato seguinte: Em 470, um patriarca de
Antioquia (Pedro, o Pisoeiro) acrescentou após "Santo Imortal", que
foi crucificado por nós. Este acréscimo provocou grandes discussões teológicas
e acabou sendo proibido, com o seguinte argumento: Santo Imortal refere-se ao
Espírito Santo; ora, quem foi crucificado por nós foi o Filho: portanto, este
acréscimo não se pode fazer depois da terceira parte.
Esta
atribuição é claramente expressa no hino seguinte:
"Vinde,
povo,
adoremos a Divindade em três pessoas:
o Pai no Filho com o Espírito Santo.
Porque o Pai, de toda eternidade
gera um Verbo co-eterno e coreinante
e o Espírito Santo está no Pai,
glorificado com o Filho, poder único,
única essência, única divindade;
é ela que adoramos quando dizemos:
Santo Deus,
que criou tudo pelo Filho
com a colaboração do Espírito Santo;
Santo Poderoso,
por quem conhecemos o Pai
e por quem o Espírito Santo veio ao mundo;
Santo Imortal, Espírito
Consolador que procede do Pai e repousa no Filho:
Trindade Santa, glória a Ti".
adoremos a Divindade em três pessoas:
o Pai no Filho com o Espírito Santo.
Porque o Pai, de toda eternidade
gera um Verbo co-eterno e coreinante
e o Espírito Santo está no Pai,
glorificado com o Filho, poder único,
única essência, única divindade;
é ela que adoramos quando dizemos:
Santo Deus,
que criou tudo pelo Filho
com a colaboração do Espírito Santo;
Santo Poderoso,
por quem conhecemos o Pai
e por quem o Espírito Santo veio ao mundo;
Santo Imortal, Espírito
Consolador que procede do Pai e repousa no Filho:
Trindade Santa, glória a Ti".
Pentecostes,
Grandes vésperas
Pelo
mesmo motivo ele se canta três vezes seguidas; e nas Divinas Liturgias Pontificais cinco vezes: as três primeiras vezes em louvor ao mistério da
Santíssima Trindade; e as duas outras em honra do mistério da Encarnação, isto
é, a existência de duas naturezas em Cristo.
Vamos
dar mais detalhes sobre o canto do triságion nas Liturgias Pontificais do
triságion: nas Liturgias Pontificais usam-se o dikírion e o trikírion, que são
dois castiçais pequenos, suportando um (o dikírion) duas velas cruzadas; outro
(o trikírion) três velas cruzadas. O primeiro simboliza a encarnação, isto é,
(duas naturezas e uma pessoa em Cristo); o segundo, a Santíssima Trindade = uma
só natureza divina em três pessoas distintas.
Na
hora do triságion o bispo dá uma bênção solene com o dikírion e o trikírion, da
seguinte maneira:
Pela
terceira e quinta vez o triságion é cantado pelos sacerdotes, no santuário,
enquanto o Bispo faz uma cruz em cima do altar com o trikírion (quando do 3°
triságion) e com o dikírion (quando do 5°). Em seguida, de frente para o povo,
segurando com a mão direita o trikírion e com a esquerda o dikírion, o Bispo
ouve o coro cantar a primeira parte do triságion, isto é, "Santo
Deus", e dá a bênção aos fiéis que estão no centro da igreja, dizendo:
"Senhor, Senhor, olhai do alto do céu e cuidai desta vinha e fazei-a
crescer porque foi vossa mão direita que a plantou". Depois do canto da
segunda parte, "Santo Poderoso", dá a bênção aos fiéis do lado
direito com a mesma fórmula; e faz o mesmo para o lado esquerdo, após o canto
da terceira parte: "Santo Imortal". Cada vez o bispo pode usar uma
língua diferente: por exemplo, grego, latim e vernáculo.
Substituição
do "triságion"
1.
Nos dias em que na Antigüidade se administrava o Batismo com solenidade, o
triságion é substituído pelo versículo seguinte tirado de São Paulo e dirigido
àqueles que foram batizados: "Vós todos que fostes batizados no Cristo,
vos revestistes do Cristo. Aleluia". Estes dias são o dia do Natal, da
Epifania, Sábado de Lázaro (antes do Domingo de Ramos), Vigília Pascal (noite
de sábado santo para domingo de Páscoa), a Semana da Páscoa, e o dia de
Pentecostes.
2.
Nos dias em que se venera a Santa Cruz, substitui o triságion a aclamação
seguinte: "Adoramos vossa Cruz, Senhor, e glorificamos vossa santa
Ressurreição. Aleluia". Estes dias são: 30º domingo da quaresma, 10º dia
de agosto, 14 de setembro (Exaltação da Santa Cruz).
Epístola
e Evangelho
Terminado
o canto do triságion, faz-se a leitura da Epístola e do Evangelho. A Epístola é
lida pelo leitor e o Evangelho pelo diácono ou pelo sacerdote. Na Divina Liturgia há
somente leituras tiradas do Novo Testamento. As do Antigo Testamento se fazem
nos outros ofícios litúrgicos, sobretudo no Ofício de Vésperas.
Os Evangelistas na Arte Cristã
Desde
a origem e talvez enquanto ainda viviam os Apóstolos, considerava-se o número
de quatro Evangelhos como um fato providencial, para o qual procuravam uma
razão mística. A explicação mais comum que se dava no tempo de Santo Irineu ( +
202 ou 203) era o paralelo com os querubins alados do Profeta Ezequiel: No
primeiro capítulo de sua profecia, Ezequiel descreve a visão que teve e na qual
viu quatro seres que aparentavam possuir, cada um, num só corpo, a figura de um
homem, de um leão, de um touro (boi) e de uma águia. De cada uma destas
figuras, os Santos Padres fizeram o emblema de um evangelista, atribuindo o
homem a São Mateus, o leão a São Marcos, o touro a São Lucas, e a águia a São
João.
São
Jerônimo explica esta atribuição do seguinte modo: São Mateus é representado
por uma figura de homem, porque começou seu Evangelho dando a genealogia humana
de Jesus, demonstrando assim que Cristo é homem.
São
Marcos é representado pela figura do leão porque começou seu Evangelho pela
enérgica pregação de João Batista, "voz que clama no deserto",
semelhante ao rugido de leão.
São
Lucas é figurado pelo touro porque começou seu Evangelho contando a
participação do sacerdote Zacarias nas cerimônias do culto no templo onde o boi
era a vítima usada nos sacrifícios da Antiga Lei.
São
João é simbolizado pela águia porque iniciou seu Evangelho pela eterna origem
de Cristo "no começo era o Verbo" e por causa das alturas espirituais
e divinas a que se elevou.
A
mesa do altar nas igrejas bizantinas tem como suporte quatro colunas nos quatro
cantos, e uma coluna maior no centro. As quatro colunas laterais simbolizam os
quatro Evangelistas; e a do centro (chamada Cálamos = caniço), a pena com que
escreveram (ou melhor, Jesus Cristo, pedra angular da Igreja).
Homilia
Os
fiéis ouvem a leitura do Evangelho de pé, com atenção e respeito, como fariam
discípulos dedicados ouvindo os ensinamentos de seu mestre e servos fiéis
recebendo as ordens de seu Senhor e chefe e dispostos a executá-las. Terminada
a leitura, o povo, movido pelo sentimento de gratidão por ter sido julgado
digno de ouvir a palavra de vida, clama: "Glória a Ti, Senhor, glória a
vós". O sacerdote recoloca o Evangelho sobre o Altar e faz a homilia ou
prática. [...] A homilia é uma parte integrante da Missa. O sacerdote tem por
missão e obrigação pregar a Palavra de Deus. "Ide por todo o mundo e
pregai o Evangelho a todas as criaturas", disse Jesus a seus Apóstolos (Mc
16,15). E São Paulo recomenda a Timóteo, seu discípulo predileto (2Tm 4,1-3):
"Diante de Deus e de Jesus Cristo... eu te peço: prega a palavra, insta
oportuna e inoportunamente, repreende, roga, exorta com toda a paciência e
doutrina". Se uma das missões do sacerdote é pregar a Palavra de Deus, a
obrigação dos fiéis é ouvi-la para fazer dela a regra de sua vida: "Quem
vos ouve a mim ouve, e quem vos despreza a mim despreza. E, quem me despreza,
despreza aquele que me enviou" (Lc 10,16).
Nem
todos os pregadores têm o dom da eloqüência. Não é também a beleza do discurso
o que mais importa, mas a verdade; não é a eloqüência e a retórica que se devem
procurar antes de tudo, mas a doutrina. "Quando fui ter convosco",
escreveu São Paulo aos Corintios (1 Cor 2,1), "para vos dar testemunho de
Cristo, não fui com a sublimidade da eloqüência ou da sabedoria... Meu ensino e
minha pregação não se baseavam nas palavras persuasivas da sabedoria humana,
mas na manifestação do Espírito e do poder (de Deus), para que vossa fé não se
funda na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus". "Os pregadores
plantam e regam, mas só Deus faz crescer" (1Cor 3,6).
Ectenia
ou Súplica Insistente
Depois
da homilia o sacerdote proclama, de novo, as intenções pelas quais a assembléia
é convidada a rezar: "Digamos todos de toda nossa alma e de; todo nosso espírito,
digamos:Senhor tem piedade (Kyrie eleison)". O Kyrie eleison da assembléia
completa a frase iniciada pelo sacerdote, e repete-se três vezes após cada um
dos pedidos feitos pelo celebrante. Esta repetição do tríplice Kyrie eleison,
assim como a intensidade progressiva das súplicas, e também certa liberdade
deixada ao presidente da assembléia para acrescentar pedidos à vontade, de
acordo com as necessidades do momento e dos fiéis, levou a dar a esta série de
pedidos o nome de "ectenia" que quer dizer "súplica
insistente". Alguns lhe deram a qualificação de "Católica", no
sentido de oração coletiva universal. A ela corresponde a oração comum ou dos
fiéis ou "prece da comunidade" [ ... ]: os pedidos que a compõem
abrangem todas as classes da sociedade, pois nela se pede:
Pelos
chefes hierárquicos responsáveis diante de Deus pelo bem espiritual da
comunidade: bispo, sacerdotes, diáconos e religiosos.
Pelos
membros da comunidade presentes na Igreja ou residentes na cidade, implorando
para eles as graças espirituais e temporais úteis à sua salvação.
Pelos
fiéis (pais e irmãos) mortos, não somente da paróquia ou da cidade, mas também
de todo o universo.
Pelos
fundadores da igreja onde se celebra o Santo Sacrifício. Assim, todos aqueles
que contribuíram, de um modo ou de outro, para a construção da casa de Deus,
serão para sempre lembrados em cada Divina Liturgia que nela se celebrar.
Pelos
benfeitores do templo santo, que lhe ofertam o que é necessário à sua
manutenção e conservação e ao serviço divino: pão, vinho, óleo, velas, incenso,
toalhas para o altar, vasos sagrados como cálice e patena, castiçais etc.
Em
certas igrejas acrescenta-se a esta ectenia comum a ectenia dos defuntos,
quando a Divina Liturgia se celebra por um morto (cf. Le rôle du diGere, p. 62). Após a
ectenia universal, fazem-se orações dialogadas e secretas pelos catecúmenos.
Para bem entender a razão destas orações que parecem anacrônicas, convém
recordar uns fatos históricos. Na Igreja primitiva havia duas leis ou
disciplinas que desapareceram no decorrer dos séculos: a Lei do Arcano ou
segredo e a disciplina do catecumenato.
A
Lei do "Arcano"
A
Lei do Arcano, que a Igreja estabeleceu por medida de prudência no tempo das
perseguições, proibia revelar os mistérios da religião cristã àqueles que não
tinham ainda sido admitidos em seu seio pelo batismo. Além do símbolo da fé, a
Lei do Arcano abrangia também os sacramentos e particularmente o sacramento da
Eucaristia. Numerosos símbolos cristãos, como o peixe, a âncora, a barca, o
Cordeiro etc... são vestígios e testemunhos dessa lei. Podemos considerar
também como reminiscência do Arcano a oração preparatória à comunhão, na qual
dizemos: "Recebei-me, hoje, participante da vossa ceia mística, ó Filho de
Deus, porque não revelarei vosso mistério aos vossos inimigos..."
Disciplina
do Catecumenato
Na
origem bastava fazer profissão de fé em Cristo para ser logo batizado; a
instrução se dava depois. Mais tarde, no tempo das perseguições, a Igreja teve
de proceder com mais cautela para admitir novos membros em seu seio, exigindo
deles um período mais longo de preparação e de prova; este período chamava-se
catecumenato. Durante o catecumenato, os que se preparavam para entrar na
Igreja pelo batismo podiam assistir somente à primeira parte da Liturgia, chamada
por isso "Liturgia dos catecúmenos", isto é, dos que estavam ainda sendo
catequizados.
Havia
também várias classes de catecúmenos. A primeira delas eram os audientes, que
deviam sair logo após a pregação; e a última, os competentes ou eleitos (em
grego: fotizomeni), que já estavam para receber, em breve, o Batismo. Trinta ou
quarenta dias antes da recepção do batismo, os competentes preparavam-se mais
intensamente pela penitência, pela confissão de seus pecados e por uma
instrução especial sobre os mistérios da fé. O catecumenato durava dois ou três
anos, às vezes mais. O batismo era administrado nas vigílias da Páscoa e de
Pentecostes; e, no Oriente, também na Epifania. A confirmação e a comunhão eram
conferidas logo após o batismo. Até hoje, no rito bizantino, o sacerdote
administra a confirmação juntamente com o batismo, e pode dar a comunhão até às
crianças sob a espécie do vinho.
Na Divina Liturgia, pois, depois da homilia, faziam-se orações pelos catecúmenos e pelas
várias categorias de pessoas que deviam abandonar o recinto da celebração
eucarística, como os penitentes e os energúmenos (possessos). E em seguida eram
despedidos por intermédio dos diáconos que clamavam: "Saiam todos os
catecúmenos; catecúmenos, saí; saiam todos os catecúmenos; nenhum dos
catecúmenos fique!"
Esta
disciplina do catecumenato desapareceu. No século VII, São Máximo, o Confessor,
revela-nos que, já em seu tempo, a despedida dos catecúmenos e dos fiéis
indignos fazia-se como mera formalidade. E em nosso tempo não se exclui mais
ninguém da assistência à Divina Liturgia toda. As orações pelos catecúmenos, porém, foram
conservadas, ainda que, em nossa Igreja, não há mais catecúmenos no sentido
próprio. Qual o motivo?
A
Igreja reza pelas necessidades de todos os homens, e também pelas suas próprias
necessidades em todos os países e continentes, e não somente em alguma região
determinada. Ora, os catecúmenos (adultos preparando-se para o batismo) são
numerosos nos países de missão (África e Ásia) e sua fé está em perigo,
ameaçada pelas novas ideologias anticristãs e atéias que procuram
conquistá-los. Há também os catecúmenos no sentido mais amplo: os não-cristãos,
os incrédulos, os materialistas e os pagãos espalhados pelo mundo inteiro e,
talvez, vizinhos nossos, que esperam ainda de nós a palavra de verdade e o banho
da regeneração. Oremos, pois, por eles, "para que o Senhor lhes revele o
Evangelho da justiça e os una a sua Igreja Santa Católica e Apostólica".
Quanto
aos próprios fiéis, eis o que Gogollhes sugere para poderem tirar proveito
destas orações:
"Cada
um dos fiéis, entrando em si e vendo quão longe está ainda em relação à fé e às
boas obras daqueles cristãos que, nos primeiros séculos do Cristianismo eram
admitidos a participar da ceia de amor; e como, para assim dizer, contenta-se
em se declarar seguidor de Cristo, sem associá-lo ainda a sua própria vida;
como só ouve e até compreende o sentido dos ensinamentos do Mestre mas não os
vive; quão fria e superficial está ainda a sua fé; como não nutre para com seu
irmão o fogo do divino amor que perdoa tudo e faz derreter a dureza de seu
coração; cada fiel, vendo em si tudo isto, considera-se humildemente ainda
catecúmeno. E quando ouve o sacerdote dizer aos fiéis: "Fiéis, oremos
pelos catecúmenos, convencidos de ser tão pouco dignos do nome de fiel", ao
rezar pelos catecúmenos, reza por si mesmo. E quando ouve o sacerdote dizer:
"Catecúmenos, saí!" treme em seu íntimo e pede ao Salvador que um dia
expulsou do templo os vendedores inescrupulosos, que de casa de orações o
haviam transformado em covil de ladrões, que lhe ilumine a inteligência e lhe
dê coragem para expulsar, ele também, do templo de sua alma, o homem carnal que
o faz indigno de participar de seu sacrifício imaculado, e de conceder-lhe
pureza de coração, humildade, mansidão e fidelidade para que mereça ser
incluído no rebanho dos eleitos e dos verdadeiros fiéis" (N. Gogol).
Durante as orações pelos catecúmenos, o sacerdote faz com o Evangelho uma cruz em cima do Antimênsion e, ao pedir a Deus que "lhes revele o Evangelho da justiça", eleva-o e coloca-o de lado. Assim, o lugar do Verbo de Deus escrito fica livre para receber o Verbo de Deus vivo, prestes a ser levado para ali ser sacrificado. Em seguida, abre o Antimênsion no qual geralmente são desenhados os instrumentos
Antifonas
Triságion
Pequena Entrada
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