O Filho do Homem perdoa os pecados

Lemos em Mateus 9: 1-8 que, quando trouxeram um homem paralítico ao Senhor Jesus, Ele curou a paralisia do homem, mas não antes de dizer a ele, “Seus pecados estão perdoados” (Mateus 9:2).  O pensamento inicial da era que Jesus tinha blasfemado e sua blasfêmia foi substituída por um milagre. Como Mateus descreve “multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens” (Mateus 9:8).

O Senhor Jesus, claro, era muito mais do que um homem. Sua humanidade foi unida sem confundir a sua natureza divina de Verbo de Deus. Ele perdoa pecados como Filho Unigênito do Pai.  Mas o espanto da multidão se justificaria com o tempo: Deus pode dar poder ao homem para perdoar pecados, na Igreja.

Quando o Cristo glorificado aparece aos Seus discípulos depois da ressurreição, ele diz a eles, “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos“ (João 20:22,23). A Igreja consiste em estender a presença de Cristo no mundo para transmitir o perdão dos pecados a aqueles que vem com fé

O primeiro lugar que a Igreja perdoa os pecados é no mistério do Batismo. Quando somos sepultados com Cristo no batismo, ressuscitamos a novidade da vida marcada pela libertação do poder do pecado. Crianças trazidas ao batismo não tem pecados dos quais podem ser culpadas; adultos que recebem o batismo com arrependimento são libertos de seus pecados passados. 

O “segundo Batismo”


A Igreja Primitiva reconheceu que fiéis podem cair em pecados sérios, especialmente quando foram ameaçados de prisão e morte durante a perseguição romana aos cristãos.A Igreja começou a usar um novo método de perdoar pecados. Aqueles acusados de pecados graves deveriam reconciliar com a Igreja depois de confessarem seus pecados e passarem um período de penitência. 

Hoje expressamos arrependimento e experimentamos o perdão dos pecados através da Igreja de inúmeros modos:

Oração diária de arrependimento 

Para um membro do corpo de Cristo, a Igreja, a oração é o caminho mais básico para experimentar o Perdão de Deus. Como S. João de Kronstadt diz, “Frequentemente durante o dia, eu tenho sido um grande pecador, na noite, depois de orar, eu vou descansar justificado e mais limpo do que a neve pela graça do Espírito Santo, com paz profunda e alegria no coração” (Minha vida em Cristo, Parte 1).

Auto-reflexão diária

A auto-reflexão ajuda-nos a ver o rumo de nossas vidas. Toda nossa existência deve ser vivida pela luz do Espírito Santo. Examinar nossas ações, pensamentos e sentimentos, afirmando nosso verdadeiro eu em Cristo, que nos ensinou a viver para a glória de Deus.




Um relacionamento com um Pai Espiritual

Cada pessoa está em um lugar diferente em sua jornada.  Podemos encontrar de vez em quando pensamentos nas Escrituras ou dos Pais da Igreja que tocam nossos corações, mas encontrar alguém que o conhece e sabe os caminhos da Sagrada Tradição é dar um passo de gigante na vida cristã. A dimensão mais ampla do acompanhamento espiritual envolve compartilhar nossos pensamentos e anseios, e não apenas os nossos pecados com este guia espiritual.

Receber a Eucaristia

Diversas vezes durante a Divina Liturgia, lembramos que a Eucaristia é dada-nos “para o perdão dos pecados”. Para receber este dom devemos aproximar-nos com “discernimento do corpo” como diz S. Paulo. E antes de receber os Santos Dons devemos recitar a oração “Eu creio e confesso...” pedindo especialmente perdão pelas nossas ofensas – deliberas ou indeliberadas, quer sejam cometidas conscientemente ou com ignorância – para que possamos receber o perdão dos pecados e a vida eterna nesse mistério.
Obsevar os Jejuns da Igreja –

Os jejuns são outras expressões litúrgicas de arrependimento.  Reorganizar nossas vidas em obediência aos jejuns semanais e sazonais da Igreja é uma forma prática de afirmar nosso compromisso com a vida em Cristo, um lembrete diário que "O homem não vive só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus "(Mateus 4: 4).



O Mistério da Metanóia (Confissão) 


Como vimos, a confissão foi considerada um “segundo batismo”, um recomeço da vida Cristã, quando uma pessoa cometeu um pecado grave. Ao longo séculos tornou-se mais amplamente utilizado e é considerado apropriado hoje sempre quando que uma pessoa sente a necessidade para ela, em especial:

• Quando um pecado grave foi cometido;
• Quando um pecado habitual tem sobrecarregado o cristão;
• Quando um cristão parou de crescer espiritualmente e precisa de uma reorientação das prioridades.

Confissão, com oração e jejum, também é uma preparação habitual para importantes experiências espirituais, como receber a Eucaristia ou outros mistérios e observar as grandes festas do ano litúrgico como parte do arrependimento contínuo do cristão. Assim, lemos no didaque (final do primeiro ou início do século II), "No Dia do Senhor se unam e partam o pão ... tendo confessado vossas transgressões para que seu sacrifício seja puro."

"Perdão Barato"

Algumas pessoas pensam que para obtermos o perdão, precisamos simplesmente dizer uma oração prescrita ou ser submetidos a um rito estabelecido sem qualquer conexão real com o coração. Obter o perdão de Deus não é uma equivalência religiosa de pagar uma multa de trânsito. Nosso pecado só é perdoado quando estiverem preenchidas duas condições.

A primeira condição é que nós perdoarmos aqueles que nos fizeram mal. Recordamos isso cada vez que dizemos a oração do Senhor: "Perdoai-nos ... assim como nós perdoamos." Se isso não é suficientemente claro, também temos o alerta do Senhor: "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará. "(Mateus 6:14, 15).

A segunda condição é fazermos algo para reparar nosso pecado. Isso significa que devemos tomar medidas para evitar a repetição do mesmo tipo de pecado no futuro, especialmente se o nosso pecado é habitual como ceder em fofocas ou fala indecorosa. Como o santo grego do século XIX, Cosmo o Etólia, uma vez disse: "Mesmo que cada pai espiritual, patriarca e hierarca, com todas as pessoas te perdoem, você é imperdoável se não se arrepender em ato".

Arrepender-se em ato não significa simplesmente resolver não pecar novamente. Como os votos de Ano Novo, tais declarações são raramente mantidas por muito tempo. Nós simplesmente não temos o poder de livrar-nos do pecado. Arrependendo-se nos atos, em primeiro lugar, é voltar-se para Deus em oração para ser liberto de nosso pecado. Somos aconselhados a repetir continuamente a oração do publicano, "Ó Deus, tende misericórdia de mim, pecador." Somente Deus, que nos perdoa quando pecamos, pode impedir-nos de cair em pecado ... e que só quando desejamos continuamente a realizá-lo. A sinceridade da nossa oração para ser liberto do pecado é mostrado por quantas vezes somos movidos a pedi-lo.

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