Igreja vs. Rito - Quem são os Cristãos do Oriente?
O seguinte artigo foi escrito por Sua Graça o Arcebispo
Joseph Tawil, Eparca da Igreja Greco-Católica Melquita nos Estados Unidos entre 1970-1989. O texto foi editado e compilado por Sua Graça, o Bispo Nicholas Samra,
amigo da Paróquia São José e chefe do melquita Eparquia de Newton.
Desde o Concílio Vaticano II, que terminou em 1965, os Cristãos Ocidentais tem tornado mais conscientes das Igrejas Orientais. O decreto do Vaticano II sobre as Igreja Orientais diz:
“A Igreja católica aprecia as instituições, os ritos litúrgicos, as tradições eclesiásticas e
a disciplina cristã das Igrejas Orientais. Com efeito, ilustres em razão da sua veneranda
antiguidade, nelas brilha aquela tradição que vem dos Apóstolos através dos Padres
e
quê constitui parte do património divinamente revelado e indiviso da Igreja universal.”
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Hierarcas de varias Igrejas Greco-Católicas após o final da Divina Liturgia de encerramento da Assembléia dos Bispos Orientais |
É importante ver que o Concílio propriamente identifica as
Igrejas Orientais como “Igrejas” e não “ritos”. O uso do termo “rito” é como
designar a fruto pela sua cor de sua casca ou um indivíduo por suas
roupas. A palavra “Igreja” indica uma
totalidade: Fé teológica, liturgia, espiritualidade, e acima de tudo, sucessão
apostólica. A pluralidade de Igreja remonta às origens do cristianismo em si.
Há muitas Igrejas porque havia muitos apóstolos que partiram do Oriente para
proclamar a mensagem evangélica para todo o mundo. O Cristianismo Oriental
nasceu diretamente e historicamente dos apóstolos. O Cristianismo Ocidental
começou da pregação dos Apóstolos Pedro e Paulo, e assim é também o Oriente em
suas origens, mas possuiu uma história própria e procede sozinho de Roma.
Diversidade na unidade
O decreto do Vaticano II sobre o ecumenismo diz:
“Mas a herança
deixada pelos Apóstolos foi aceite de formas e modos diversos e desde os
primórdios da Igreja cá e lá foi explicada de maneira diferente, também por
causa da diversidade de génio e condições de vida. Tudo isso, além das causas
externas, e também por falta de mútua compreensão e caridade, deu ocasião às
separações. ..Em vista disto, o sagrado Concilio exorta a todos, mormente aos
que pretendem dedicar-se à restauração da plena comunhão desejada entre as
Igrejas orientais e a Igreja católica, a que tenham na devida consideração esta
peculiar condição da origem e do crescimento das Igrejas do Oriente”
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Divina Liturgia dos Bispos Greco-Católicos durante o Concílio Vaticano II |
O Vaticano II
também diz: “Por um decreto totalmente livre e misterioso de sua própria
sabedoria e bondade, o Eterno Pai criou o mundo inteiro. Seu plano era
dignificar os homens com uma participação em sua própria vida divina”. O
Concílio, assim, enfatiza uma tradição querida para o Oriente. A Igreja é,
acima de tudo, uma comunhão. Isso é o que faz a sua própria essência: a
comunhão com a vida trinitária.
São Gregório o
Teólogo, diz: “A Igreja é uma imitação da Trindade: Assim como em Deus três
pessoas comunica a mesma natureza divina em uma distinção perfeita, então a
multidão de pessoas humanas é convidada a comunicar a partir do mesmo mistério
da vida divina na distinção de pessoas” O significado desta comunhão são
encontrados no Mistério da Igreja, instituído pelo próprio Cristo. O batismo
incorpora-nos no Corpo de Cristo e nos faz participantes da vida divina. A Eucaristia nos une intimamente com a
humanidade deificada do Salvador Ressuscitado e uns com os outros. Além desta
união, há a visão beatífica, cuja semente foi plantada em nós através do
Mistério do Batismo.
Assim, a verdadeira
catolicidade está totalmente contida em cada Igreja local possuindo os
mistérios e unido em torno de seu bispo.
Olhando sob este ponto de vista, todas s Igrejas são iguais e estão em
comunhão umas com as outras e não absorvidas. Está é a misteriosa comunhão com
a vida trinitária, que é distinta da comunhão hierárquica e canônica.

Quando os Católicos
do Ocidente falam sobre a Igreja ou a disciplina geral da Igreja, de acordo com
o Patriarca(Melquita) Maximo IV:
“Eles limitam sua
visão para a disciplina Latina e Igreja, como se a disciplina Oriental e Igreja
fossem exceções. Por outro lado, deve
lembra-se que a Igreja Latina é uma Igreja dentro da Igreja Católica e que a
lei Latina é a lei particular da Igreja Latina. É um fato que a Igreja Católica
foi, infelizmente, reduzida ao longo dos séculos para o Ocidente, e os ocidentais
assumiram o hábito de considerar a sua Igreja Latina como sinônimo de Igreja
Católica Universal. Está e uma perspectiva, que tem de ser corrigida hoje, não
só na terminologia, mas também no comportamento da Igreja.”
A unidade não deve
destruir a diversidade, nem deve a diversidade causar danos na unidade.
Compreensão e harmonia na Igreja dependem desta dupla condição. A história
mostra um fato muito claro: cada vez que a unidade não contava com a
diversidade, havia cismas ou separações, e toda vez que a diversidade foi
afirmada em detrimento da unidade, houve distúrbios de todo o tipo.
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