Mensagem de Natal de Sua Beatitude, o Patriarca Sviatoslav Shevchuk


Mensagem de Sua Beatitude, o Patriarca Sviatoslav Shevchuk, para a comemoração da Natividade segundo a carne de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo.

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Cristo nasceu! Glorifica-o!

Hoje nossos corações estão repletos com a graciosa alegria natalina. O Deus eterno torna-se homem, de modo que o homem pode estar unido e reconciliar-se com Ele para sempre. O Filho de Deus torna-se filho de uma Virgem de Nazaré e permite ser carregado em braços humanos. Para nós, Cristãos, este grande e inefável Mistério da encarnação do Filho de Deus é a chave para conhecer a natureza de Deus e entender a história da salvação. A Natividade de Cristo mostra-nos quem Deus é e quem devemos ser em relação a Ele e o próximo.

Olhando para o Deus pré-eterno nascido em uma caverna estável simples, a Igreja canta: “Do seio do Pai Tu saíste, Ó Amante da Humanidade, e na sua inefável bondade aceitou a pobreza sobrenatural. Tu, Ó Senhor, planejado para nascer em uma gruta, e, como uma criança, Tu, o Criador e Senhor, foi amamentado nos seios. Portanto, conduzidos por uma estrela, os Magos trazem-Lhe presentes, como o Senhor da criação, e os pastores e anjos se maravilham e clamam: Glória a Deus nas alturas, Quem vem agora na forma de um ser humano, para Nascer na terra " (Domingo anterior a natividade, Matinas).


O Filho Unigênito de Deus, “ Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”, afim de realizar a vontade de Seu Pai, escolheu ser concebido e ser carregado por nove meses no útero de uma mãe, e nascer em toda fragilidade e fraqueza da natureza humana, “assumindo a condição de um escravo e assemelhando-se aos homens” (Fl 2:7). Ele não tornou-se meramente um ser humano, mas assumiu toda suscetibilidade e desamparo, e tendo tornado-se criança, experimentou todas as dificuldades e perigos associados com a vida humana. Em Cristo Jesus, Deus tomou uma vez por todas a plenitude de tudo o que consideramos "ser humano" - a medida plena da existência humana com toda a sua grandeza, mas também todo o seu drama.

Baseado na experiência divino-humana, o Todo-Poderoso sabe aquilo que dói em mim, porque eu choro ou alegro-me. Ele conhece cada um de nós, porque até o fim do mundo Ele continua a viver com a humanidade e na humanidade. Ele continua a participar em cada sofrimento humano, Ele continua em cada uma de nossas alegrias, Ele continua a morrer em cada morte humana, Ele continua a ser perseguido e desonrado em cada pessoa a quem o mundo atual rejeita e despreza. O Natal é o nascimento de Deus em mim, a encarnação do Filho de Deus na História Humana, na minha vida, não importar quão trivial e complicado isso possa parecer. Assim, minha vida, seja qual for o caso, adquire significado, por isso, o que é pessoalmente meu, torna-se pessoal para Ele!

Hoje Cristo o Senhor nasce na história de nosso povo e de Sua santa Igreja “por nós, homens,
e para a nossa salvação”. Neste momento da história, que experimentamos juntos, Ele “é possível levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder”(Hb 7:25). Assim como em Bethlehem, Jesus precisou de Maria e José para trazê-lo ao mundo da humanidade, hoje Ele precisa de nós, Cristãos do Terceiro Milênio, para que, através da nossa fé, possamos trazê-lo ao nosso mundo, à história e à cultura. Ainda mais, devemos trazer Cristo, nascido hoje para nossa salvação, para nossa vida pessoal, família, e vida social. Deus quer entrar lá e ser pessoalmente presente. Ele respeita nosso livre arbítrio e espera-nos a ser aperto a Ele.

Portanto, depende de nós: trazer Cristo em nossas vidas, ou fechar as portas a Ele, como foi o caso dos moradores de Bethlehem. Onde Deus é recebido, lá tudo é trazido a vida e renovado. Aqueles que abrem seu coração a Ele recebem esperança, um novo sentido de sua própria existência, hoje e para o futuro. Já onde ele é rejeitado, tudo morre e está sujeito a decair, ruir, e corromper. Ali permanece sob a autoridade da morte, está sujeito a falsos deuses, violência, e engano, e no final perdem o significado de suas vidas, perdem a esperança no amanhã, assim como tudo morre diante de seus olhos já hoje.

Logo, celebremos a Natividade de Cristo, permitindo o salvador nascer em nosso íntimo. Vamos envolvê-lo no manto de nossa vida pessoal, familiar, e social. Vamos envolvê-Lo com nossa esperança, assim como os sábios que seguiram a estrela de Natal. Que nossa vida cotidiana seja iluminada pelo terno amor, que o Divino Bebê derrama sobre nós.

Em nossa vida pessoal, façamos o bem e evitemos pecar. Façamos um esforço, para que nossos pensamentos e escolhas sejam repletas de Deus. Vivamos de tal modo que nosso próximo possa ver que somos Filhos de Deus, seguindo Sua Palavra e Seus mandamentos. Em temos difícieis, não esquecemos que o Senhor Nosso Deus ama-nos com seu amor ilimitado, que é tão grande quanto nossos erros e quedas, é tão forte quanto nossos pecados e ofensas. Nosso Criador deseja que sejamos capazes de trazer o Seu amor na vida dos outros – e trazer para nossa vida em nossos relacionamentos e ações. O Natal não é apenas um evento histórico “nos dias de Herodes, Rei na Judeia” (Lc 1:5). O Natal é um evento espiritual da presença incessante de Deus, encarnada em cada momento e em cada lugar, cumprido por mim e para mim.

Na vida de nossas famílias, em tudo, procuremos viver o amor e a harmonia. Pais, lembrem-se com mais frequência que as crianças criam a imagem de Deus em seu comportamento, seu amor pelo outro, seu sacrifício, generosidade, e alegria da vida. Ensine-os a orar com sinceridade antes de tudo com seu próprio exemplo. Lembrem-se em tudo que seus filhos tem sido confiado a vocês pelo próprio Criador e Pai Celestial, de modo que você possam criá-los no amor por Ele, e para a Sua glória. Especialmente nestes dia festivo, dê-lhes maravilhosas memórias de Natal, para que possam experimentar a alegria da vida cristã, que permite superar todas as dificuldades e adversidades.

Em nossa vida social, especialmente em meio as atuais mudanças econômicas e políticas, e conflitos militares, lembremo-nos que Deus está conosco! Não estamos sozinhos no sofrimento, na dor, e no sangue desta guerra. Em Seu nascimento Nosso Senhor também é encarnado hoje, neste momento histórico em que somos chamados a viver e morrer, constuir e restaurar, defender nosso país dos seus inimigos, e curar as feridas do passado e do presente. No Dia do Natal, é para nós que S. Paulo fala, chamando-nos a santidade de vida:  “Que Cristo habete pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade, a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o  conhecimento, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3: 17-18).

Como Cristãos, somos chamados hoje a ser com os pastores no Evangelho, que primeiro receberam a boa nova do nascimento do Salvador, para levá-lo para o mundo e compartilhá-lo com os nossos vizinhos. No cumprimento dessa missão de natal, vamos encher nossas casas, igreja e toda nossa terra com o canto antigo canto Koliada-carol[1]. Hoje deixe o nosso koliada ressoar em toda a Ucrânia e onde quer que haja um coração ucraniano! Deixe a alegria da festa de hoje encher-nos de esperança de vitória, não a nossa, mas de Cristo, que só pode reunir, que hoje parece desesperadamente dividido, tanto na Ucrânia e em todo o mundo.

Levemos o recém-nascido Salvador em nosso canto natalino para todos que estão tristes ou solitários. Compartilhemos nossa Santa Ceia e a alegria com aqueles que têm sede e fome por justiça e atenção humana. Vamos visitar aqueles que estão aprisionados, que estão longe de casa ou viajando. Vamos levar a luz celestial do Natal para os feridos e sofredores. Lembremo-nos em oração por aqueles que estão cativo, aqueles que sofrem abuso e brandam a Deus por uma luz de esperança enquanto estão sob fogo na chamada linha de demarcação, nos territórios ocupados da Ucrânia oriental e da Criméia. Sejamos unidos em nossos pensamentos e orações com nossos soldados que estão corajosamente defendendo nosso Natal. Não esqueçamos daqueles que ansiosamente esperam o retorno seguro deles.


Queridos Irmãos e Irmãs, desde os mais jovens aos mais velhos, quer na Ucrânia quer no estrangeiro, do meu sincero coração, desejo a cada um de vocês um saboroso [2], um Natal cheio de alegria e um feliz e abençoado Ano Novo!

Comentários

  1. nasci na igreja de rito latino ,mas como me envolvi em trabalho sna eparquia melquita pedi mudança de rito e pontificio instituto oriental de roma aceitou,agora sou melquita do rito bizantino, o rito bizantino me aproximou mais de Deus.

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